13.6.08
Une famille française
Uma das famílias mais queridas da França são os Gainsbourg (Pelo menos foi o que me disse Maxime, um amigo francês). O patriarca, Serge, anti-herói clássico, é famoso por seus excessos e taras sexuais. Mas, principalmente, ele marcou a história da música por seu ecletismo musical. Conheceu Bob Marley e sua mulher, Rita Marley, com quem gravou o disco Aux Armes Et Caetera, no qual fez uma versão reggae para a Marselhesa, o hino da França. Tal feito escandalizou toda a sociedade da época. Inclusive, com repressões públicas de sua execução em show pela polícia francesa. Não satisfeito, Gainsbourg arrematou os direitos do hino francês num leilão para calar a boca de todo mundo.
Sádico, misturava palavras, deixava mensagens subliminares que confundiam muita gente. Não poupou nem mesmo Rita, que cantou no back letras eróticas sem saber. Sua irreverência não pára por aí. Em sua biografia (tudo à disposição no Youtube) ele rasga dinheiro em programas de TV (uma pequena fortuna, diga-se de passagem), exacerba na sinceridade repleta de sadismo em entrevistas. E na canção Lemon Incest, canta com a filha Charlotte em uma cama. A partir de então, onde ele estava acompanhava o sinônimo tumulto. Gainsbourg, o cão marginal e escatológico, foi o Baudelaire de uma geração musical na França. Quando morreu, em 1991, com quase 63 anos, quase cego e com apenas um terço de seu fígado, multidões foram a sua casa deixar garrafas de Pastis e maços de Gitanes. Bandeiras foram hasteadas em todo país em sua homenagem por toda contribuição que este devasso deu à cultura francesa.
Sem dúvida, uma das maiores contribuições é sua filha Charlotte. Atriz e cantora, a menina traz também os genes da atriz e cantora Jane Birkin. Como atriz a cria de Serge e Jane atuou em mais de 20 filmes, entre eles 21 Gramas (Guillerma Arriaga e Alejandro Iñarritu) e The Science of Sleep (Michel Gondry). Esse negócio de atriz francesa que canta vocês já devem ter percebido que muito me agrada. A exemplo de Julie Delpy, este não é mais um caso de um rostinho bonito e famoso tentando fazer algo diferente. O som de Charlotte é bom mesmo. Difícil ser original com o peso de uma paternidade destas, mas ela persistiu. Tanto que depois das comparações com sua mãe após seu primeiro disco, Charlotte for Ever, a filha única do controvertido casal quase desistiu da carreira de cantora. Mas para nossa felicidade, especificamente meus passeios vespertinos, em 2006 lançou o 5:55, seu segundo álbum quebrando um silêncio de quase 20 anos. E como se não bastasse a própria música para te convencer a dar uma espiada no CD, saiba que sua produção é assinada por Nigel Godrich, que é ninguém mais, ninguém menos que o principal produtor do Radiohead e quase um sexto elemento do grupo britânico.
Jane Birkin ainda não tenho ao alcance dos meus ouvidos. Minha amiga, também cantora, Paloma, é que gosta. Numa destas coincidências que a gente não explica, há algum tempo quando eu ainda descobria Serge, vi alguma frase reverenciando a “cantriz” no MSN dela. Eu nem imaginava que se tratava da matriarca da família Gainsbourg. Aliás, eu nem pensava em uma família. Apenas estava intrigada com um tal francês irreverente.
Hoje, tudo que sei dessa união são algumas fofocas e lendas que deixam para bem longe o imaginário de uma típica família fracesa. Depois de estrelar com ninguém mais, ninguém menos que Antonioni, em Blow up, Jane vai para França filmar Slogan contracenar com um tal de Serge Gainsbourg. Apesar de ser um ídolo da juventude pop adolescente dos anos 60, na época, o já controverso cantor amargava uma dor de cotovelo por Brigitte Bardot. Jane, que mal falava francês, não sabia nada sobre sua co-estrela e pagou caro com a dor-de-cotovelo de Gainsbourg, que a tratava com tanta ignorância que a fez debulhar em lágrimas bem em frente às câmeras. Assim, teve início à mítica história de amor na Paris de 1969.
Os dois tornaram-se inseparáveis, virando uma lenda nos bares franceses underground com o cabelo contra o vento libertário pós-68. Jane somaria ingenuidade ao velho erotismo e o single de 1969, com a atemporal 69 année érotique, deixou a censura maluca. O disco vendeu um milhão de cópias em meses, o casal virou manchete em todas as revistas, ganhou muita atenção da mídia, enquanto se divertia.
Quando Charlotte nasceu em 1971, Jane deu uma pausa de dois anos. A carreira foi retomada em 1973 com Di Doo Dah, o primeiro álbum solo e em 1975 os turbulentos amantes estavam de volta com Je t'aime moi non plus, o filme. Nesse trabalho, Serge explora a temática homossexual, intensificada pela ambigüidade de sua musa andrógena.
Tá aqui o torrents para Serge, Jane e Charlotte.
Alabama State Route 227
Tá rolando uma brincadeira super legal pela rede que é fazer a capa da sua banda imaginária de forma aleatória. Ti pó assim,
1. O título desse verbete aleatório da Wikipedia será o nome da sua banda.
2. As quatro últimas palavras da última frase dessa página de citações formarão o nome do seu disco.
3. A terceira foto dessa página do Flickr será a capa do seu disco.
A minha foi essa.
Cara, perfeito para uma banda só de garotas‼! O nome do cd então? Super sugestivo. Mandem para mim suas capas de bandas imaginárias. As melhores eu publico aqui. Como fazer?
No blog do Thiago Leite ou no Recomendo, com cerveja
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