Bizarro, mas acho digno confessar. Eu andava de paquera com Dylan fazia tempo, sabe? Mesmo depois de todo over sixties durante a faculdade que resumiu, para mim, toda a cultura desta época como ressentida… De fato, estes hippies perdidos no tempo são um saco e não contribuem em nada. Mas ando numa fase de des-radicalizar opiniões e sou capaz, agora que também a faculdade e toda a ingenuidade estão longe, de apreciar melhor os frutos desse período e paquerar Bob Dylan.
Então normal que ao não encontrar I’m not there (Todd Haynes) na locadora, eu acabe caindo em Factory Girl (George Hickenlooper). E lá descobrir o herói com cavalo falando inglês, tal qual Chico dizia, na pele de Bob Dylan. Eu que em poemas já assimilava suas canções políticas fiquei mais atenta no seu lirismo e terminarei setembro na seguinte certeza: eu quero namorar Bob Dylan. E que se foda a tal da pop art, acho mais que o mundo e eu mesma estamos carentes de mitos ou gente que ao menos creia que possa fazer alguma coisa para mudar. O que? Sei lá! O importante é fazer a diferença. E que se foda tudo mais, quero mais minha ingenuidade de volta.
Quando caminho pelas ruas escutando Just like woman sinto uma euforia - que é a palavra que uso quando não consigo descrever um sentimento. Contei isso p’ruma amiga e ela riu e disse: “- aí Dani! Você é feliz!”. Gostei de escutar isso, mas não posso voltar atrás numa descoberta cruel: se todos meus problemas se resumissem em ser feliz ou triste minha vida estava feita! Porque tanto um quanto outro estado podem ser forjados e nem por isso serem menos autênticos ou dignos. E qual o meu problema? Eu sinceramente não sei. Mas caminhar com Bob Dylan me dá uma espécie de fé, do tipo “segue por aqui que você chegará em algum lugar”. Como já experimentei vários infernos, então só me resta curtir o caminhar ritmado por aquela gaitinha.
Ah, you fake just like a woman, yes, you do
You make love just like a woman, yes, you do
Then you ache just like a woman
But you break just like a little girl.
You make love just like a woman, yes, you do
Then you ache just like a woman
But you break just like a little girl.
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