11.12.08

Solos de guitarra vão me conquistar



Diz o Marcelo Camelo: “…tanto clichê deve não ser…”. E alguns amigos também apostam que o típico e previsível é sinal de que algo não é legal. Misturam estética à vida de forma inapropriada e por isso desconfiam de alguns prazeres fáceis. Eu mesma me incluo neste grupo. Ou melhor, me incluía. E, assim, acabei por perder durante algum tempo da minha vida o prazer de ser uma groupie pelo pior dos motivos: medo do vulgar ou equívocos relacionados a ele.

Amo música - só pra começar a explicar onde quero chegar. E estou falando de rock, jazz, blues, samba e afins. Não estou falando de veludo cotelê, nem de estampa de cobra ou vestuário de vinil.

Amo homens - dando seqüência à minha teoria. E não estou falando de crianças, bezerros ou cadáver.

Logo, não admitir para si mesma que um homem esporrando perfeitamente melodias de uma guitarra não desperta seu desejo sexual é de um moralismo estético ridículo. Aliás, é sintoma de Complexo de Cinderela, que tem pavor de não ser a princesa encantada de um cavaleiro errante. Ou insegurança, pura e simplesmente síndrome de patinho feio. E por fim, se um homem toca Hendrix na guitarra com os dentes não temendo um dos mais velhos clichês do rock’n’roll, FODA-SE! Chegou a hora de atacar de Pamela Miller, que depois de assistir muitos shows do Led Zeppelin sentada sobre os amplificadores de Jimmy Page, de ter trabalhado de babá na casa de Frank Zappa e dormir com alguns dos maiores músicos do século passado, encerrou sua carreira afirmando o seguinte na sua biografia: "eu me considero uma feminista verdadeira do início dos direitos das mulheres, porque estava fazendo exatamente o que queria. Eu amava a música e os homens que a faziam”. E é por aí.

Claro tudo isso esbarra no problema das groupies do mal, que prefiro diferir chamando de tietes. São aquelas que querem ficar com mocinhos de banda porque querem ser tão famosas quanto eles. Então, ao invés de se dedicarem a algum instrumento ou apenas se contentarem com o papel de musas, elas papam as indefesas estrelas com o único intuito de aparecer, nem que seja no cantinho do palco, quase escapando dos bastidores. E o que é pior: banalizam o importante papel das groupies trazendo vários equívocos sobre estas mulheres maravilhosas. Em outras palavras, não confundam Luciana Gimenes com Nancy Spungen, ok?

Eu adoraria contar detalhes para vocês sobre a noite maravilhosa que banquei a groupie. Dos lábios de textura chiclete babaloo rosa e o salgadinho do beijo suado. Mas não posso, apesar da banda ser pequena e desconhecida. Nem é porque meu herói das notas é casado… A falta de holdies fez com que meu doce guitarrista carregasse instrumentos até as oito da manhã e eu não levei aos finalmentes minha fantasia. Uma pena, uma lástima… Faltou mais drogas para me manter de pé. Resumindo então, tributamos Hendrix, idolatramos Chuck Berry e concordamos que Roberto Carlos é rei. Paixão? Só pelo bom e velho rock.

[Foto - Nancy esperando Sid Vicius guardar os instrumentos]

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu não sei o que dizer, me identifiquei totalmente com isso. Me vi de novo há uns 3 anos atrás lendo esse post. Mas a minha fase groupie passou. Muita gente abobadinha acha que o Penny Lane não é pelo meu amor incondicional aos Beatles, e sim, por mais uma esquisitice band aid. Te digo que vida de mulher de músico não é fácil, tive que sentir o gosto amargo também. Músico, me parece ser, mais do que qualquer outro mortal, aquele cara que se rende mais facilmente às tentações. Músico é o marinheiro que deixa uma garota de coração partido em cada porto. No caso, em cada show. A maioria das groupies não está lá pela música, e sim pelos músicos. Assim como tem músicos que também não estão pela música, e sim, pelas groupies. Nunca fui a groupie-mor ou musa de nenhum músico, mas eu ainda estou lá pela música e irremediavelmente pelos músicos também,só que de outra maneira.